O mercado internacional da soja trabalha com oscilações tímidas na manhã desta terça-feira (20), porém, testando os dois lados da tabela. A típica volatilidade desse momento é o reflexo do mercado climático e das informações que começam a chegar dos campos americanos sobre o desenvolvimento das lavouras da safra 2017/18.
No final da tarde desta segunda (19), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo reporte semanal de acompanhamento de safras, indicando o aumento de 1 ponto percentual no índice de lavouras em boas ou excelentes condições para 67%. O mercado, porém, esperava uma melhora de 2 pontos para a oleaginosa.
Por outro lado, o trigo de primavera, que vem chamando muita atenção nesta temporada em função das adversidades climáticas pelas quais tem passado teve uma nova queda de 45% para 41%, enquanto os traders apostavam em uma melhora para até 47%.
Dessa forma, o rally dos futuros do cereal continua e, somente em Chicago, as cotações sobem mais de 1% no pregão de hoje. Em algumas das demais bolsas americans, o trigo registra suas máximas em dois anos.
Assim, o mercado segue acompanhando as previsões climáticas - atulizada mais de uma vez no dia por alguns modelos climáticos - e, portanto, ainda bastante indeciso e buscando por uma nova tendência.
Para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o mercado internacional só ficará menos "inquieto" diante da certeza de uma produção de mais de 115 milhões de toneladas de soja nos EUA diante da força da demanda.
No ano comercial, afinal, os embarques combinados somente do Brasil e dos Estados Unidos, já são 15 milhões de toneladas superiores aos do mesmo período do ano passado.
"O mercado está “lutando” entre a corrente dos operadores baixistas, que seguem apostando que o mercado volta para níveis abaixo de US$ 9,00, e os operadores que acreditam que o mercado está mais para lateral (devido à forte demanda) ou até mesmo engate uma tendência leve de alta, se começarem a ocorrer problemas climáticos nos EUA", acredita o analista de mercado Miguel Biegai, do OTCex Group, de Genebra, na Suíça. "Graficamente, é possível notar que o mercado também está brigando exatamente na resistência do canal de baixa, já pelo terceiro dia seguido", completa.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja: Mercado realiza lucros no fim do dia em Chicago e fecha com leves baixas nesta 2ª
Nesta segunda-feira (19), os futuros da soja trabalharam durante todo o pregão em campo positivo na Bolsa de Chicago, porém, ao longo do dia perderam força e fecharam com ligeiras baixas. As principais posições perderam pouco mais de 1 ponto, com o julho encerrando o dia com US$ 9,37 e o novembro com US$ 9,48 por bushel.
Como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, as notícias vindas dos campos americanos de condições mais favoráveis para a safra 2017/18 acabou motivando um movimento de realização de lucros, uma liquidação técnica de posições.
"Isso vem de fundamentos e o mercado não se sustenta na alta. Assim, no curto prazo não vejo nenhum motivos para sair da banda de US$ 9,30 a US$ 9,80, sem um fator muito importante para mudar essas cotações", explica. E esse fator seria o período de florescimento e formação das vagens das lavouras americanas, que é um intervalo delicado, porém, determinante para a produtividade da soja dos EUA.
O clima, portanto, será ainda o principal foco de atenção entre os traders. "O momento crítico do clima americano ainda não passou, ele ainda está a diante", completa Brandalizze.
Na outra ponta do mercado, a demanda forte segue exigindo extrema atenção dos traders neste momento. O consultor afirma que já há 15 milhões de toneladas a mais de soja embarcadas do que no mesmo período do ano passado combinando Brasil e Estados Unidos. "O USDA vai ter que levar isso em consideração e começar a ajustar seus números", diz.
Sobre o clima, o analista internacional, Richard Feltes, da RJ O'Brien, afirma, em entrevista ao portal Agrimoney, que "o tempo se inclina negativo para os preços, com um tom mais frio para as temperaturas dos EUA e dois terços do Meio-Oeste, com chuvas previstas para a próxima semana".
De acordo com a última atualização do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - nos próximos 8 a 14 dias, o Corn Belt terá temperaturas dentro da normalidade e, em algumas localidades, abaixo da média.
Já as chuvas, importantes estados, como Iowa e Illinois, terão volumes acumulados acima da normalidade. Nos últimos dias, as previsões climáticas, que apontavam para um clima mais quente e seco, impulsionaram as cotações do cereal.
Mercado Brasileiro
No Brasil, a segunda-feira foi positiva para as cotações no interior e nos portos e o avanço veio apesar da estabilidade nos fechamentos de Chicago e do dólar neste início de semana. Nos melhores momentos do dia, quando subiam a CBOT e a moeda americana, os preços da soja disponível nos portos chegaram a bater nos R$ 71,00 por saca, ainda segundo Vlamir Brandalizze.
"O dia foi de dólar em alta pela manhã, chegando a trabalhar nos R$ 3,30 acima, novamente em cima de boatos da crise, com adiamento do embarque do presidente Michel Temer para a Rússia e assim assustou o mercado. Depois, com calmaria no quadro político voltou a recuar e fechou próximo dos níveis da sexta-feira. Com isso no final do dia as cotações da soja também tinham entregado os R$ 0,50 a R$ 1,00 que trabalharam nas máximas e estavam próximas dos níveis da sexta-feira, dos R$ 70,00 aos R$ 70,50 e pouco abaixo pelos compradores", relata o consultor.
Fonte: Portal do Agronegócio