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Polícia Civil pede prazo para investigar destruição de fazenda em Correntina

Publicado por SPRLEM em 11/01/2018
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O prejuízo estimado é de R$ 50 milhões

A Polícia Civil da Bahia informou nesta quarta-feira (10) que pediu à Justiça a ampliação do prazo para investigações sobre a destruição na fazenda da empresa Igarashi, dia 2 de novembro de 2017, em Correntina, no extremo Oeste da Bahia.
O ataque foi promovido por cerca de 800 agricultores e pecuaristas que vivem próximo ao Rio Arrojado e estavam insatisfeitos com a captação de água por parte de duas fazendas da empresa. O prejuízo estimado é de R$ 50 milhões.

O delegado titular de Correntina Marcelo Calçado informou que solicitou a extensão do prazo para as investigações porque ainda precisa ouvir mais pessoas e solicitar novos laudos periciais. Quase 50 pessoas foram ouvidas sobre o caso, disse Calçado.
“Fiz a solicitação esta semana e estou no aguardo da decisão da Justiça. Apesar de termos ouvido várias pessoas, precisamos ter mais solidez nas investigações para concluir o inquérito e apontar culpados”, declarou o delegado.
Não há prazo para que a Justiça decida se acata ou não o pedido de extensão das investigações. De praxe, em casos como este as investigações são prorrogadas por mais 90 dias, o que pode ocorrer novamente, caso haja necessidade.

No ataque à Igarashi foram destruídos 32 pivôs de captação de água, caminhões, máquinas colheitadeiras, uma retroescavadeira, uma patrol, uma máquina pá carregadeira e ao menos dez tratores. O sistema elétrico também foi danificado.

O ataque – dizem apoiadores do ato – foi em reação ao sistema de irrigação nas duas fazendas, com captação no Rio Arrojado, o qual faz parte da Bacia do Rio Corrente, composto por quinze rios, seis riachos e cinco córregos.

Foi também uma reação à falta de resposta relativa aos problemas socioambientais que eles dizem que há na região por conta do agronegócio – o Oeste baiano está na principal zona agrícola brasileira, o Matopiba, que reúne áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Eles se queixam do desmate de nascentes e da diminuição das águas da Bacia do Rio Corrente, um dos afluentes do Rio São Francisco, e dizem que a captação de água por parte de empresas agrícolas faz com que a quantidade de água reduza para comunidades ribeirinhas, agricultores e pecuaristas.

Em resposta, o Governo da Bahia determinou no dia 22 de novembro que empresas de agronegócio instalem hidrômetros para medir a captação de água nos rios. O prazo para elas fazerem isto termina dia 22 deste mês.

Setores do agronegócio do Oeste da Bahia e de outras partes do Brasil defendem que atuam com respeito às leis ambientais, mas ninguém ainda sabe quanto de fato a irrigação consome de água na região.

De acordo com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), maior entidade representante do agronegócio na região, a área total de produção é de 2 milhões de hectares, sendo que 160 mil hectares são de áreas irrigadas.

O Atlas da Irrigação – Uso da Água na Agricultura Irrigada de 2017, da Agência Nacional de Águas (ANA), aponta que as cidades de São Desidério e Barreiras são as que tem as maiores áreas irrigadas do Oeste, com, respectivamente, 52.115 e 47.006 hectares.

O Oeste baiano, segundo o Atlas, é a mais importante região produtora do Matopiba.

A Aiba espera obter informações mais precisas por meio de um estudo que realiza desde fevereiro de 2017 para quantificar a disponibilidade da água e sua importância para os múltiplos usos nas bacias do Rio Grande e Corrente e, com isso, garantir a segurança hídrica para manter a irrigação e a produção sustentável de alimentos.

A pesquisa está sendo desenvolvida por estudiosos da Universidade Federal de Nova Viçosa (UFV-MG) e da Universidade Federal de Nebraska (nos EUA), e tem previsão de ser concluída no final de 2018.

Fonte: Correio