O setor do agro, que representa 23,5% de toda riqueza produzida no país (PIB), apresentou, nesta quarta-feira (29/08), aos candidatos à presidência da República o documento “O Futuro é Agro - 2018 a 2030”. A entrega do documento ocorreu durante encontro com os candidatos, realizado na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. O texto de 140 páginas sugere ao futuro governante uma agenda moderna, sustentável, de livre mercado (sem tabelamento de preços) e que, se concretizada, levará o país a ampliar em 33% a produção agrícola até 2030.
“O documento não é um rosário de queixas, mas um mapa para o futuro”, resumiu o presidente da CNA, João Martins.
Elaborado pela CNA e pelo Conselho do Agro (integrado por 15 entidades do setor), em parceria com representantes do meio acadêmico e das indústrias do agro (FIESP e UNICA), o documento aponta gargalos e soluções possíveis em questões vitais para a agropecuária. Na logística, por exemplo, o setor elenca como essenciais 34 obras em rodovias, ferrovias, rios e portos (lista de obras em anexo) para a otimização do escoamento dos produtos agrícolas nos próximos 10 anos.
Dez prioridades
Os representantes da agropecuária apresentaram 10 tópicos que consideram importantes para a agenda do setor nos próximos anos (detalhamento no resumo executivo). Eles pedem aos futuros governantes que seja criada uma política de combate à criminalidade no campo, que tem aumentado exponencialmente no interior do país; querem também a universalização da telefonia celular, essencial para a difusão de novas tecnologias entre os produtores e para o aumento da produtividade; e pleiteiam a reforma tributária, com vistas a baratear o custo da produção e tornar os produtos brasileiros mais competitivos no exterior.
Dentre outras prioridades, os representantes do setor sugerem ainda aos potenciais governantes: melhorias no arcabouço jurídico e a criação de um ambiente regulatório mais transparente (reforma trabalhista rural, regularização fundiária, etc.) como forma de garantir mais segurança jurídica no campo; priorização do seguro rural; e apoio a políticas públicas voltadas para o crescimento sustentável.
Ainda estão entre as prioridades elencadas pelo setor: o compromisso de que sejam firmados acordos internacionais que promovam a competitividade da agropecuária brasileira; a adoção de políticas que fortaleçam o Sistema de Defesa Agropecuária; a ampliação dos recursos destinados à assistência técnica; e o desenvolvimento de políticas públicas focadas na ampliação da produção de biocombustíveis.
As Projeções
O documento entregue aos presidenciáveis faz uma completa radiografia da agropecuária brasileira, com projeção da produção para os próximos anos. Segundo os dados, a safra brasileira de grãos 2029/2030 será de 308,5 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 33% em relação à safra 2016/2017. O Centro-Oeste, com aumento percentual de produção de 45%, e o Sul, com incremento de produção de 35%, serão os principais responsáveis por essa performance.
O setor ressalta que o aumento da produtividade, calcado especialmente em práticas mais modernas, ligadas ao uso da tecnologia da informação e no treinamento de pessoal, será o principal fator de ganho da produção.
Nesse contexto, a média de produção passará dos atuais 3,84 toneladas por hectare (t/h) para 4,2 t/h. Os maiores ganhos, segundo o documento, ficarão por conta do arroz, milho e algodão.
Em relação à carne (bovina, suína e de aves), o país ampliará sua produção em 9,4 milhões de toneladas.
O documento cita também dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), segundo os quais o Brasil terá aumentado em 45,5% as suas exportações de carne em 2027. Ainda segundo os dados da USDA, o Brasil figurará, naquele ano, como o maior exportador mundial de produtos de origem animal, com participação de 42,5% no mercado mundial, seguido dos Estados Unidos, com 27% e da União Europeia, com 9,3%.
O Agro e o PIB
De acordo com os números do documento entregue aos presidenciáveis, os empregos gerados pelo setor correspondem a 32% do total de empregos no país. Em 2017, os excedentes exportados corresponderam a 44% do valor total das exportações brasileiras e o saldo comercial do agronegócio foi positivo em US$ 81,8 bilhões de dólares, enquanto os todos os demais setores da economia tiveram déficit de US$ 14,8 bilhões.
Atualmente, o Brasil vende produtos agropecuários para mais de 140 países e é o maior exportador mundial de açúcar, suco de laranja, café em grãos, complexo de soja (grãos, farelo e óleo) e carne de frango; o segundo maior exportador de carne bovina e milho; e o quarto maior exportador de carne suína.
Segundo projeção da OCDE (bloco dos países mais desenvolvidos), em 10 anos, a demanda mundial por alimentos deverá aumentar em 20%. E o Brasil será responsável pela oferta de 40% dos produtos que farão frente a esse aumento.
Representatividade da CNA
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é a voz do Agro brasileiro.
Criada há 66 anos, a entidade fala em nome dos produtores de todo o país, tendo em sua base 1.949 sindicatos, presentes em 27 federações estaduais.
A CNA representa, organiza e fortalece os produtores, defende seus interesses e apoia a geração de novas tecnologias em parceria com o seu braço de formação profissional, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
O momento traz uma oportunidade histórica para que a CNA construa a base do sindicalismo moderno, capaz de contribuir com autonomia para o salto científico e tecnológico do setor do Agro.
Moderna e efetiva, a CNA será protagonista do projeto de levar o Brasil ao topo da produção mundial de alimentos. O Futuro é Agro.
Conselho do Agro
O Conselho das Entidades do Setor Agropecuário (Conselho do Agro) reúne 15 entidades que representam os produtores rurais de diversas cadeias produtivas e segmentos da agropecuária. O grupo foi criado em 2016 para defender temas de interesse do setor e do país. É um órgão estratégico para propor e avaliar as políticas oficiais destinadas ao setor agrícola, sempre no sentido de modernizá-las e garantir segurança jurídica ao produtor.
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), Associação Brasileira de Criadores (ABC), Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (ABRAFRUTAS), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (ABRAMILHO), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Brasil (APROSOJA BRASIL), Conselho Nacional do Café (CNC), Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (FEPLANA), Instituto Brasileiro de Horticultura (IBRAHORT), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Sociedade Nacional da Agricultura (SNA) e Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Assessoria de Comunicação CNA/SENAR